O presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros) e do Sintramotos (Sindicatos dos motociclistas de Curitiba e Região Metropolitana), vereador Cacá Pereira, participou, como entrevistado, da monografia do estudante do último ano do curso de Economia, da Universidade Federal do Paraná (UFPr), Daniel Havro da Silva, falando sobre a questão delivery X trabalhadores e os aplicativos. O sindicalista fez um resumo da situação dos representados, lembrando as conquistas trabalhistas da categoria dos últimos anos.
Sobre a questão das empresas que oferecem serviço de motofrete por meio de aplicativos, Cacá Pereira disse que não dá para parar no tempo. "A tecnologia está aí, não dá para negar. Mas, acredito que direitos e deveres deveriam ser igual a todos os trabalhadores. Por causa do preço, o motofretista acaba sendo prejudicado no mercado. Entendo que as empresas que oferecem serviço de delivery por aplicativo têm direito ao lucro, mas os empresários precisam entender que o motociclista precisa ser valorizado e respeitado como trabalhador", justificou Cacá.
Segundo ele, são os impostos que bancam a infraestrutura no Brasil, que é precária, mas é a tributação que banca os custos. "Então, se uma categoria ganha menos, em igual proporção são reduzidos os impostos que estes trabalhadores recolhem. Entretanto, há um visível desequilíbrio econômico nesta relação de trabalho: economiza-se em uma ponta, em detrimento de outra parte de trabalhadores que têm prejuízo. E, infelizmente, temos no País o corporativismo que trabalha em prol de uma minoria, prejudicando o todo. Um exemplo disso é o Governo Federal que apresenta projeto beneficiando uma minoria e não a maioria. Como a redução do IPI para automóveis. Ora, quem pode comprar carro hoje em dia? A não ser a minoria", disse o sindicalista, adiantando que está gestando, junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT), uma audiência pública para discutir esse tema: aplicativos, entre outros assuntos ligados à categoria. O evento ainda não tem data definida, mas "é preciso discutir essa questão junto aos trabalhadores, porque acreditamos que o aplicativo é uma descaracterização do vínculo empregatício. Vamos procurar fazer o melhor para o trabalhador".